23 de abril de 2011

Arte em meu viver

Minha vida está contida na arte dos olhos alheios, sou tão comum e tão real que minha definição está na arte daqueles que sabem falar. Minha vida é um romance de alguém que descobriu que a existência é uma brincadeira no tempo e que o sucesso é cíclico, tal como as tenras folhas que nascem na mais bela primavera e se desprendem inevitavelmente no próximo inverno. Eu percorri lugares distantes e inóspitos, travei batalhas enormes e depois de muitas fadigas
descobri que tudo o que procurava esteve mais próximo do que imaginava. Eu não sei onde eu deixei ou se alguém veio roubar aquele sonho que sonhei já não sei onde andará, prefiro nem dormir, me esquecer de sonhar eu quero, quero muito quero agora, sem demora o meu desejo ninguém vai roubar. Eu sou escravo de sonho arco imensa armadilha ao meu caminho eu que faço sou eu que traço essa trilha a minha esperança eu invento, sempre em movimento, não tem parada pra mim, não tem nem lamento, é bom ficar ligado: a vida é tudo ou nada, e não tem talvez, vai pedalando a sua lucidez, vai nessa levada e não vai ter uma outra vez, ninguém vai me dizer como devo me virar.

  O mundo desabou sobre mim, tornei-me um colecionador de lágrimas, profundamente deprimido, como se estivesse com a mente despedaçada, sai, primeiro, em busca do meu proprio ser, e posteriormente, da sociedade dos sonhos, traido pelos amigos asfixiado pelas perdas e pressionado pela culpa, tornei-me um Dom Quixote moderno que percorre o mundo lutando contra os fantasmas que me assombravam. Mas entendi que os piores fantasmas estavam dentro de mim.
  Nessas andanças libertei minha inteligencia e retirei força da minha fragilidade, coragem dos meus medos,  serenidade de minhas loucuras. Nessa jornada fiz grandes descobertas. Descobri que a industria da pressa asfixiou a tranquilidade, a industria da informação contraiu a formação de mentes pensantes e a industria do consumismo sangrou a capacidade de se encantar com a beleza escondida nas pequenas coisas. E, pior descobri que até eu mesmo, havia contribuido para acelerar essas “industrias” e intalar o câos na sociedade.

Lembrei de me esquecer a tempo,
perdi meus maiores achados
Odiei por amor..., utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos
Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Mas livrei-me dos livros
Pois eles não me livraram.

  Tenho visto a sociedade digital criando ilhas humanas. A solidão tornou-se a angustia fundamental de adultos e crianças, embora nem sempre percebida. São tempos dificeis tempos de escassez de prazer e de abundancia de ansiedade. Tempos em que se procura novos heróis, sem saber que a necessidade vital da humanidade não são de “herois”, mas de seres humanos conscientes de sua fragilidade e de suas imperfeições, procuro dissecar algumas masmorras psiquicas e algumas loucuras da atualidade. As preocupações, a sede de respostas e os questionamentos que pulsam no querer, pulsam também em mim, assim descrito na arte alheia.

Ricardo Oliveira

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