21 de agosto de 2011

Voz da Ansiedade


    Se sou quem sou, por que não acho que seja quem deveria ser? Se sou um rompante de boas ações, quem sou num rompante de atitudes levianas? Se sou a impulsividade de hipocrisias, quem sou na impulsividade de grandes verdades? Se sou um olhar de desejo, quem sou no desejo de um olhar? Se sou a fala, quem sou quando algo me cala? Se sou um grito silencioso de ansiedade, quem sou eu no silencio da ansiedade?
    Ansiedade, ansiedade... Ansiosamente te espero passar, na ironia do tempo me encontro. Em desalento, desatento me invento, seguro de mim, convicto com todas as inseguranças da espera, tomo intento nas algemas que acorrentam a paciência. Longe da minha essência, me atento as razões que promove a incoerência, entrego-me contando as horas, vendo no vago espaço das minhas incertezas minha ignorância Desafiar à compreensão alheia quanto a quem sou eu.
    Ansiedade por que fazes de mim vitima de mim mesmo? Por que aprisiona a minha emoção a inquietante intenção de reação? Bem sabe que nada em mim controlo, nada em mim exerce força maior do que a espera no acaso. Ansiedade por que define quem eu seja diante daquilo que não sei ser? Por que nega meu eu a mim mesmo? Ansiedade, quem sou pra ti que não sejas pra mim?
    Aguardo nos silêncios a resposta que não virá, pois sei que bem fazes de mim lobo das minhas próprias certezas, vitimado por minhas próprias escolhas. Navegante do mar de ilusões contidas na ausência de exatidão, quem sou? Uma voz na multidão.

Ricardo Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário