3 de agosto de 2010

Parada Cardíaca

  
  Já faz um tempo, coisa de dias, que estou me questionando sobre a freqüência que meu coração está querendo seguir, não sou boa em entender o que ele diz, mas faço o possível – certas vezes, o impossível – para ouvir cada batida e interpretar da melhor forma.
  De um minuto atrás para agora, ele resolveu ficar mudo! É, meu coração não bate mais – calma, não morri – na minha língua, ele deu um jeito de se comunicar direto com a minha alma, sem passar pelo meu juízo... Fazendo uma resenha rápida da situação, estou sendo “ludibriada” pelo meu próprio coração!
  Eventualmente, tínhamos problemas de comunicação, mas ele nunca deixou de responder as minhas perguntas, nunca mudou a linguagem da nossa conversação e sempre passou na sala da razão para bater um papo com o juízo, agora ele pega o corredor do meu corpo e vai direto à minha alma, e ainda entra sem pedir licença.
  Por conta disso, está decidido: não vou atrás dele, nem vou ficar fazendo muita força para entendê-lo... Um dia a gente se encontra no corredor e eu peço uma explicação, no mínimo racional, para ele.
  Dizem que quando isso acontece, é porque o coração encontrou um sentimento grande, puro, verdadeiro e desconhecido, – esse é o meu maior medo – porém o fato dele ter encontrado o sentimento, não quer dizer que o sentimento encontrou com ele, – e é ai que eu me ferro – tudo seria mais fácil se esse imbecil falasse comigo.
  Coração imbecil, num peito imbecil, dum corpo imbecil, duma dona imbecil... Quanta imbecilidade junta, - isso pode até dar em morte rs – chega ser impossível imaginar como uma pessoa consegue viver assim, eu aprendi aprendendo... Não vou dizer que lido bem com isso, mas se não há remédio, remediado está.
  Pensei em colocar um anuncio no jornal, procurando um tradutor ou especialista em batidas do coração, mas os poucos que eu conheço já estão muito ocupados ou não podem fazer nada, - Deus tem muitos corações para ouvir e não tem tempo para ler jornais, cardiologistas não resolvem meu problema – questionei uns dois ou três corações amigos, eles se perderam junto comigo, - um se perdeu tanto que corre o risco de afundar nesse barco comigo – ou deixaram tudo em minhas mãos, covardemente.
  Então, tomei a decisão mais sensata, – ou não rs – estou brigada com o meu coração, se ele não quer falar comigo problema é dele, - na verdade nosso! – eu é que não vou ficar correndo atrás das loucuras que ele arruma, depois eu só me ferro, e de tanto me ferrar, já estou dando aulas de “como tomar pancadas que seu coração ajuda a te dar, e sair vivo disso”.
  É, é isso mesmo coração! Quero mais que você se dane, - mas não para de bater ainda rs – estamos eu e você numa espécie de “recesso de comunicação cardio-afetiva”. 

Andrezza Mascarenhas

Um comentário: